‘O Sonho Americano’: equipe da Globo inicia jornada de motorhome em Minnesota, estado onde ficam as principais nascentes dos Estados Unidos
28/10/2024
Especial abordará temas decisivos das Eleições Americanas com histórias sobre moradores do Cinturão da Ferrugem, área onde Kamala Harris e Donald Trump têm dedicado esforços. Donald Trump e Kamala Harris disputam a eleição presidencial dos EUA
REUTERS/Jonathan Drake e Kevin Lamarque
A equipe da Globo nos Estados Unidos dá a partida nesta segunda-feira (28) para o projeto “O Sonho Americano”, que vai abordar os temas mais decisivos para as Eleições Americanas de 5 de novembro a partir de histórias de homens, mulheres e crianças. E esta jornada a bordo de um motorhome se inicia em Minnesota, o estado dos mais de 10 mil lagos e das nascentes das principais hidrovias dos EUA (entenda mais abaixo a importância e o simbolismo de Minnesota).
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O especial vai percorrer seis estados americanos do Cinturão da Ferrugem, no norte dos EUA. A região, antes um vibrante polo industrial recortado entre cidades metrópoles e vastas áreas rurais, passou por um declínio econômico nas últimas décadas – tornando mais desafiadora a conquista do Sonho Americano.
Os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump, têm concentrado grande parte de suas campanhas por lá – especialmente Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, decisivos nas duas últimas eleições.
Com apresentação do repórter Felipe Santana, o projeto “O Sonho Americano” terá nove dias de cobertura nos telejornais da TV Globo e no J10 da GloboNews, além de conteúdos publicados no g1. Reportagens especiais entrarão no ar no Jornal Nacional e no Fantástico, todos os dias até a noite da eleição em 5 de novembro.
Nossa equipe vai passar por:
Minnesota
Wisconsin
Illinois
Michigan
Ohio
Pensilvânia
Largada em Minnesota
A primeira parada da equipe da Globo é em Minnesota, apelidado de Estado dos Dez Mil Lagos – são 11.842 ao todo. E a quantidade de nascentes de água doce ajuda a explicar a importância econômica e simbólica de Minnesota para os Estados Unidos.
Primeiro, porque é neste estado onde fica a nascente do Rio Mississippi, o mais longo do país. Ele sai do norte de Minnesota, no lago Itasca, percorre 3.766 quilômetros até desembocar no Golfo do México, em Louisiana.
Segundo, porque também é neste estado onde se começa a navegação dos Grandes Lagos. A partir de Duluth, no extremo Oeste do Lago Superior, os barcos podem navegar pelas hidrovias até chegar ao Oceano Atlântico pelo Rio São Lourenço, no Canadá.
Ou seja: Minnesota, há séculos, representa o ponto de contato entre o interior dos Estados Unidos e o Atlântico. Mesmo a mais de 3 mil quilômetros de distância do oceano.
Grandes cidades se formaram ao longo dessas hidrovias. O rio Mississippi banha, por exemplo, Mineápolis –maior cidade de Minnesota e que ficou no centro das atenções do mundo há quatro anos depois que o policial Derek Chauvin matou George Floyd por asfixia em uma abordagem violenta. As imagens de Chauvin ajoelhado sobre o pescoço de um homem negro e deram início a uma onda de protestos contra o racismo dentro e fora dos EUA.
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E, ao redor dos Grandes Lagos, nasceram metrópoles como Milwaukee, Chicago, Detroit e Cleveland. O comércio de carga entre o interior dos EUA e a Europa, facilitado pela hidrovia, gerou um pico de crescimento industrial na região no pós-Guerra.
Porém, as mudanças nas cadeias de produção nas últimas décadas esvaziaram as fábricas. E o que era antes chamado de Cinturão do Aço virou o Cinturão da Ferrugem.
Com a mudança no cenário econômico, uma parte do eleitorado de classe média e classe média baixa da região se viu em uma situação desfavorável. E americanos antes identificados com o Partido Democrata – historicamente mais alinhado com movimentos por salário e emprego – passaram a ver em Donald Trump, do Partido Republicano, a chance de um reaquecimento da indústria dos EUA.
Isso levou à grande surpresa eleitoral de 2016: Trump venceu em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, até então conhecidos como parte da ‘Muralha Azul’ do Partido Democrata. Em 2020, Joe Biden venceu nos três estados, mas por uma margem muito pequena.
E Minnesota está entre esses ‘swing states?’
Adesivos de "Eu votei antecipadamente" em centro de votação em Minneapolis, Minnesota, em 19 de setembro de 2024.
AP Photo/Adam Bettcher
A não ser que haja uma surpresa – e eleições americanas são conhecidas por surpresas, Minnesota não é um ‘swing state’ – ou seja, não é um estado-pêndulo, onde o eleitorado pode pender para um lado ou para o outro dependendo da eleição. As médias das pesquisas indicam que Kamala Harris ainda mantém uma vantagem confortável para manter o estado dentro da Muralha Azul.
Uma razão para isso é a escolha de Tim Walz, que é governador de Minnesota, como candidato a vice na chapa do Partido Democrata. A campanha de Kamala avalia que ele consegue dialogar com o eleitorado branco e de média ou baixa escolaridade não só de Minnesota, mas dos estados vizinhos que são mais decisivos para a eleição – Wisconsin, por exemplo.
Aliados de Donald Trump, porém, acreditam ser possível virar o jogo. O republicano fez campanha em Minnesota em julho poucos dias depois de Kamala ser anunciada como o nome do Partido Democrata com a desistência de Biden em concorrer à reeleição. Antes da mudança na chapa democrata, pesquisas mostravam uma disputa bem mais apertada.
Participam do projeto “O Sonho Americano”, nos Estados Unidos, os jornalistas Felipe Santana, Alex Carvalho, Carol Matzenbacher e Lucas Vidigal.
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